quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

The Wicker Man (1973, Robin Hardy, UK) - spoilers

Tendo a gostar do terror britânico. Talvez por ser europeu, há ali um veio surrealista (pelo menos a mim, parece-me surrealista) que torna estes filmes muito interessantes - a imagem mais esbatida por não ter tido, durante muito tempo, os recursos do cinema americano, mais momentos de silêncio e pausa para aumentar a tensão e, enfim, para superar tudo, Christopher Lee. 

 Christopher Lee. O que dizer desta rocha do terror, deste Príncipe Drácula dos filmes da Hammer, tão aristocrático, tão firme, tão sanguinário.

 Bom, continuando, este Wicker Man é filme de terror, britânico, e com Christopher Lee que, para não variar, faz papel de mau. A história é a de um polícia convicto dos seus valores religiosos e muito ortodoxos que chega a uma ilhazinha para investigar o desparecimento de uma menina. Rapidamente começa a perceber que toda a gente lhe anda a esconder um segredo horrível, que ninguém está interessado em encontrar a criança e ele que se veio meter na boca do lobo. De modo que o polícia começa a ficar enervado e, quanto mais enervado fica, menos compreende o que se passa e mais se agarra aos seus valores (que, aliás, nunca vacilam) o que, desgraçadamente, o torna ainda mais arrogante. Dir-me-ão, é a hubris, que tão facilmente se associa a quem tem muitas certezas. E será.

O mais engraçado do filme, além de toda a atmosfera claustrofóbica "derivado" a passar-se numa ilha, é que é o polícia correcto, rígido, cheio de lisura e convicção, que acaba por sucumbir à maluquice dos que o rodeiam. 

Moral: nunca devemos ser muito firmes nos nossos valores, porque há pessoas que podem querer dar-nos uma lição por sermos arrogantes e acabamos tal e qual como este polícia (não vou dizer o que lhe acontece, mas não é nada bom). 

Notas: o guião é de Anthony Shaffer; fez-se um remake em 2006 com Nicholas Cage (actor que eu cheguei a adorar em tempos idos) que vale a pena ver por ser tão horrorosamente mau (vê-se tipo comédia).

Momentos altos: Christopher Lee, atmosfera claustrofóbica e a puxar ao surrealismo, enredo muito aliciante. Provoca interessante reflexão sobre a hubris. 

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